she tries

She always tries to be good, she always tries to be kind. Even if nobody sees the pain she hides inside, behind the gentle eyes, the warm smile and the polite way she always holds the elevator so the nice lady from the 25th floor can hop in.

She tries. And she succeeds. And her success is so great that nobody can see that behind every kind word, every bright smile, every good gesture is a cry for help. And she cries. And she cries so loud she cannot even hear the sound of the water that falls down above her head. She cries and not a single soul can listen.

No answer.

She sinks even more into the void of her own tormented soul. 

i have it all

I have a life. A good one. I have a job that I’m good at. I get paid quite well. I live comfortably. I am financially stable. I have two amazing and loving dogs. I have friends and family. I have a well located apartment that is just like I always dreamed. I have a refrigerator filled with more food I can eat in one week, when I’m gonna shop for groceries again. I have beer and wine. My bills are paid. My life is full.  I have everything.

So why am I still unhappy?

canalha

Ela era legal. Talvez mais que isso: uma pessoa adorável. As pessoas diziam que ela era bondosa, carinhosa, bonita e inteligente. Os rapazes gostavam do seu charme sem pretensão, da sua timidez calculada, do seu cabelo – que tinha vida própria – e dos seus olhos, que sorriam o tempo todo. Ela era tudo isso, sim. Mas, além de tudo, ela era uma canalha.

O pior tipo de canalha, meus caros: canalha com cara de menina e corpo de mulher. Uma canalha com cintura bem marcada, quadril e um olhar que brilha como que se precisasse refletir alguma coisa que a alma não consegue guardar pra si. Ela era uma canalha, e sabia disso. Não que ela gostasse, mas jamais pensou em mudar. Ela tinha um quê que atraía os bons rapazes, e as histórias sempre terminavam com corações partidos. Nunca o coração dela, esse já colecionava avarias de outros verões.

E seguia assim. Um coração partido de cada vez.

euzinha, esquerdinha caviar

Meu nome é Suellen, eu tenho 23 anos, e eu sou privilegiada.

Eu não sou negra, meu cabelo não é crespo. Eu sempre tive bolachas – ou biscoitos – todas as vezes que quis comer. Estudei em boas escolas. Minha família nunca recebeu o auxílio do Bolsa Família. Não usei cotas, apesar de poder optar por elas por conta da minha ascendência. Não precisei do PROUNI. Estudei em uma faculdade pública. Sempre tive tudo o que precisei, e quase sempre tudo o que eu quis. E eu votei na Dilma.

Não votei porque recebo algum benefício do Governo, porque não recebo. Não votei porque o Governo me propiciou alguma coisa, porque isso não aconteceu. Eu nunca precisei. Mas tem gente que precisou. E que precisa.

Se você entende que Governo está tirando dinheiro da tua mão e colocando nas contas bancárias dos pobres, você não tem visão. Se você acha que dá pra parar de trabalhar e receber o “Bolsa Família”, você não tem a menor noção de matemática, nem de economia, nem de custo de vida. Uma família não consegue viver apenas com R$230 por mês. Você conseguiria?

Eu entreguei meu voto para um governo que se preocupou com quem precisa, e eu vejo cada imposto que eu pago como um investimento: se ele está indo pra compor a renda de uma família, eu estou investindo no futuro daquela família. Eu estou investindo pra que aquelas crianças possam estudar, pra que elas tenham o que comer. Pra que, futuramente, elas consigam uma oportunidade de se colocar no mercado de trabalho. Pra que elas usem o PROUNI e estudem, se formem, virem profissionais e possam dar para os seus filhos as bolachas – ou biscoitos – que elas não tiveram na infância. Eu quero ver a empregada doméstica comprando casa própria, quero ver o filho dela na faculdade. Quero que o neto da empregada doméstica faça um intercâmbio. Quero que eles tenham essa oportunidade. Não estou dizendo que quero que todo mundo seja igual, ganhe igual, viva igual. Cada um tem suas aspirações, cada um tem seus desejos, cada um tem sua capacidade. Mas a oportunidade tem que aparecer.

Agora, se você diz que é possível sobreviver atualmente apenas com o Bolsa Família, peço que você dê uma lidinha nisso aqui:

1. O QUE É O BOLSA FAMÍLIA?

Um programa de transferência direta de renda que beneficia famílias em situação de pobreza e de extrema pobreza do País. O Bolsa Família integra o Plano Brasil Sem Miséria, que tem como foco de atuação brasileiros com renda familiar per capita inferior a 70 reais mensais.

Ou seja, juntando a renda de todo mundo da família e dividindo pelo número de membros, tem que ser menos de 70 reais por pessoa. Exemplificando pra vocês entenderem: Maria é viuva, tem 6 filhos pequenos e trabalha como diarista. Ela recebe, por mês, entre 380 e 450 reais. Seu filho mais velho tem 9 anos, e está em idade escolar. A renda familiar per capita da família da Maria é de R$64,28. Maria está apta a receber o benefício.

2. QUAL O VALOR DO BENEFÍCIO?

São quatro tipos de benefício: o Básico, o Variável, o Variável para Jovem e o para Superação da Extrema Pobreza. Os valores que eu cito aqui tiveram um aumento de 10% esse ano, ok?

BÁSICO: Quem recebe são as famílias em situação de extrema pobreza, e é de R$70 por mês, independente de quantas pessoas a família tenha. Se a família tiver 2 membros, são R$70, e se tiver 40 membros, são R$70.

VARIÁVEL: Esse é concedido às famílias pobres e extremamente pobres que tenham crianças e adolescentes entre 0 e 15 anos. O valor é R$32, e cada família pode receber no máximo cinco benefícios, ou seja, R$160. Maria, no caso, pode receber no máximo cinco benefícios, mesmo tendo 6 filhos. Se uma família estiver em situação de extrema pobreza, pode acumular o benefício variável e o básico, chegando a receber até R$230 reais.

VARIÁVEL PARA JOVEM: Se na família tiver jovens de 16 a 17 anos matriculados na escola e frequentando as aulas regularmente, recebe R$38 por cada jovem, e pode acumular dois benefícios, ou seja, R$76.

SUPERAÇÃO DA POBREZA EXTREMA: É concedido às famílias em situação de pobreza extrema. Cada família pode ter direito a um benefício. O valor varia em razão do cálculo realizado a partir da renda per capita da família e do benefício já recebido no programa.

As famílias em situação de extrema pobreza podem acumular o benefício Básico, o Variável e o Variável para Jovem, até o máximo de 306 reais por mês, como também podem acumular um benefício para Superação da Extrema Pobreza.

3. QUAL O MAIOR VALOR QUE UMA FAMÍLIA JÁ RECEBEU?
O benefício do Bolsa Família é variável, uma vez que é pago o valor suficiente para que uma família possua uma renda per capita mensal mínima de 70 reais (77 reais, a partir de junho de 2014). Um dos valores mais altos pagos a uma família, de 19 membros, foi de 1.332 reais. A quantia repassada pelo Bolsa Família, no ano de 2012, teve valores combinados através do Brasil Carinhoso. Se você pegar o valor do benefício e dividir por todos os membros da família, foi de R$70 por pessoa.

4. QUAIS SÃO AS REGRAS?

Podem receber o benefício as famílias em situação de extrema pobreza, com renda per capita de até 70 reais por mês; aquelas que são consideradas pobres, renda per capita entre 70,01 reais e 140 reais por mês; e as que são pobres ou extremamente pobres e tenham em sua composição gestantes, nutrizes, crianças ou adolescentes entre 0 e 17 anos (sendo nesses últimos casos um valor maior do que o fornecido às famílias sem crianças, adolescentes ou gestantes).

Para ser beneficiário, será preciso apresentar um documento de identificação, como o CPF, por exemplo, entrar no Cadastro Único. O cadastramento, no entanto, não significa que o recebimento será imediato. Quem seleciona as famílias que receberão o Bolsa Família é o Ministério do Desenvolvimento Social, com base na renda per capita.

As prefeituras municipais são responsáveis por cadastrar, digitar, transmitir, manter e atualizar a base de dados, acompanhar as condições do benefício e articular e promover as ações complementares destinadas ao desenvolvimento autônomo das famílias pobres do município.

Na área de saúde, as famílias devem acompanhar o cartão de vacinação e o crescimento e desenvolvimento das crianças menores de 7 anos. As mulheres na faixa de 14 a 44 anos também devem fazer o acompanhamento médico. Quando gestantes ou lactantes devem realizar o pré-natal e o acompanhamento de sua saúde e do bebê.

No que diz respeito a educação, todas as crianças e adolescentes entre 6 e 15 anos devem estar matriculados e ter frequência escolar mensal mínima de 85% da carga horária. Já os estudantes entre 16 e 17 anos devem ter frequência de, no mínimo, 75%.

Na área de assistência social, crianças e adolescentes com até 15 anos em risco ou retiradas do trabalho infantil devem participar dos Serviços de Convivência e Fortalecimento de Vínculos e obter frequência mínima de 85% da carga horária mensal.

5. QUEM VERIFICA SE AS REGRAS SÃO CUMPRIDAS?

Cabe ao poder público fazer o acompanhamento gerencial para identificar os motivos do não cumprimento das condicionalidades. A partir daí, são implementadas ações de acompanhamento das famílias em descumprimento, consideradas em situação de maior vulnerabilidade social.

A família que encontra dificuldades em cumprir as contrapartidas deve procurar o Centro de Referência de Assistência Social (Cras), o Centro de Referência Especializada de Assistência Social (Creas) ou a equipe de assistência social do município.

Caso não tome nenhuma dessas atitudes, corre o risco de ter o benefício bloqueado, suspenso ou até mesmo cancelado.

Se você quiser saber mais sobre o benefício, pode entrar aqui no site da Caixa e se informar.

the romantics

— I’m gonna go and I’m gonna tell everyone that you’re ok.
— But I’m not. I’m not ok.
— You chose this.

(She walks away)

carta de desculpas ao meu amor correspondido

Meu amor,

Escrevo essa carta porque te amo, e algo me leva a pensar que você me ama também. Escrevo para pedir desculpas.

Se por acaso, meu amor, o que você procura é perfeição, peço desculpas por desperdiçar o seu tempo. Eu tenho em mim um universo de defeitos, e os piores deles são também minhas melhores qualidades.

Ou então, se o que você procura é sossego, sinto muito por desapontar-lhe. Eu sou volúvel, sou mutável, sou instável. E eu vou te deixar louco, se você permitir.

Amor, eu vou passar horas pensando, calada, distante, e então, de repente, eu vou te fazer perguntas desconexas e aleatórias, pra então ficar pensativa novamente. Isso vai te intrigar, eu sei. Mas é que eu penso assim, em partes. E, quando meu pensamento estiver completo, eu vou querer dividir com você, provavelmente no momento mais inoportuno que eu encontrar. Portanto, deixo aqui minhas desculpas.

Eu vou querer fazer coisas para você e por você: bolos, origamis, loucuras. E eu não espero que você faça o mesmo por mim. Mas, se você quiser, eu vou amar. E eu vou querer retribuir. Eu vou sempre retribuir, e vou achar ruim se você achar ruim. Então, se você se importa com isso, deixo aqui minhas desculpas.

Amor, eu vou ouvir todos os tipos de música que existem na face desse planeta. E eu vou querer que você ouça também, comigo. Quando a música for ruim, sorria, acene e diga que não gostou, eu vou entender. Mas eu vou te mostrar um monte de artistas, estilos, instrumentos. “Olha só o banjo dessa música!”, “o contralto dessa moça é absurdo” e “cada verso dessa música toca no fundo da alma”, bem como outros comentários, vão acontecer frequentemente. Por isso, deixo aqui minhas desculpas.

Eu vou dar muita atenção para os meus amigos, quando eles precisarem. Porque, para mim, um problema de alguém querido é também um problema meu. Então não se sinta mal se eu acabar passando tempo demais com uma amiga que acabou de perder o emprego, porque eu também farei o mesmo por você. E mais. Muito mais.

Desenharei, escreverei. Muito. Rabiscarei um monte de papéis. E eu nunca vou te deixar ver até que eu queira que outras pessoas vejam. Também peço desculpas por isso.

Eu vou te abraçar forte de vez em quando, como se fosse o nosso último abraço. Porque eu não sei quando nosso último abraço vai acontecer. Então peço desculpas por quaisquer desconfortos.

De vez em quando, eu vou acordar antes de você, e vou te ver dormir sob a luz do sol entrando através da cortina. Vou querer guardar aquele momento na memória. Peço desculpas por isso, meu amor.

Eu vou te enlouquecer com minhas manias! Não pisar nas linhas da calçada, pular um certo número de peças do piso, criando um padrão na caminhada. Sempre começar a subir ou descer a escada com o pé direito, pra saber se a escada tem um número par ou impar de degraus. Diagramar nossos pratos, copos e talheres na mesa. Então, desculpe-me. Eu tento sempre não incomodar.

Mas eu serei sincera, amor. Às vezes rude, mas sincera. E fiel. E leal. Porque, amor, escrevo essa carta para você, a pessoa com quem decidi compartilhar minha vida e meu coração. Então, meu amor, peço desculpas por virar sua vida ao avesso, mas, se eu te escrevi essa carta, é porque eu te quero por inteiro, e espero que você me aceite, apesar do universo de defeitos.

Te escrevo para contar um pouco de mim, porque às vezes falar não me basta, me faltam palavras na boca. Te escrevo porque você significa tanto, tanto na minha vida!

Te escrevo porque te amo, meu amor.
Te escrevo porque estou ansiosa para te conhecer.

Com amor,
Sue.

fones de ouvido

Eu ando sempre de fones de ouvido. Sempre. Eu sinto essa necessidade, porque eu não gosto de ouvir as conversas das outras pessoas. E eu não gosto de ouvir as conversas porque eu sou preconceituosa pra caramba. Sim, meu preconceito com gente que fala merda é bem grande.

Estou de férias, aproveitando pra resolver uma série de assuntos, mas a greve dos metroviários atrasou um pouco a minha vida. Ainda não consegui resolver metade do que eu precisava, não consegui ir aos museus que queria, não consegui. Fazer o que? Acontece. Os metroviários estão no direito deles.

Estou numa fila. Tem muita gente. Eu tô sem fones de ouvido.

— Eu duvido que até o fim do dia eles continuem com isso.
— Quem?
— O povo do metrô. Eu duvido que eles continuem parados. Já mandaram 80 embora. Se até o fim do dia não voltar, vai mais 80. E tá certo, tem que mandar mesmo.

— Mas sabe o que é? É isso que eles querem mesmo. Afundar ainda mais esse país.
— É, e agora eu quero ver. O tanto de protesto e de greve que tá tendo bem quando vai acontecer a copa. Não queria a copa? Agora eu quero ver. O tanto de assalto a gringo que tá tendo na Paulista, eu quero é ver se eles vão voltar. É que não vira notícia, não passa na TV.
— Mas passa sim! Eu vi esses dias. O que não dá é essa galera que fica aí protestando. Quem não tem moradia eu até entendo, agora eles têm casa, tem trabalho, fica aí fazendo bagunça e atrapalhando a vida dos outros.
— É tudo um bando de desocupado.
— Lá perto de onde eu moro fizeram umas casas populares, deu uns meses invadiram tudo. E não é sem teto que invade não, é gente bem vestida.

Nessa hora, eu tive de colocar os fones de ouvido. Fiquei com medo de ser contagioso.